28/06/2009

"Começar por amar a impressão de um só corpo. Mais tarde buscar em vários, muitos, um só corpo já das mãos e dos lábios conhecido.

Depois amar por partes, escolhendo, as mais das vezes, a pequena imperfeição onde o prazer se acende. Tudo isto longe, muito longe do amor.

É que doem tanto as ...  paixões ... A paixão tem de doer ...

E depois, ao perder a âncora, a paixão faz volteio dentro da cabeça. Então vem a saudade que lhe enche o peito e vive só de sombras e de fantasmas com insónia. ... . Dorme-se de menos por se sonhar demais e é tudo.

... Vai-se de corpo em corpo à procura e dá trabalho e causa dor ...

E chega o tempo de preferir... . É tempo de analisar..., partir, despedaçar, ver por dentro... . Pode-se ficar por aqui... Tudo isto ainda mais longe do amor, se for possível. O amor sempre mete muito medo.

Mais vale aquela pequena imperfeição onde o desejo se acende e arde e leva consigo o tempo em frente. 

Amanhã o abismos, mas só amanhã. 

Como recusar o que vem ai...? ... 
Para quê afastar o que se dá no presente e o enche nem que seja no exacto momento em que se está? 

Não há resposta e é de propósito que não há. ...

Pode-se ficar frio no corpo e quente na cabeça. Ou frio na cabeça e trazer o corpo a escaldar. Pode-se querer mais do que tudo perder a cabeça ou deitar o corpo pela janela... . Pode-se demais, é esse o problema.

....

E pode-se ficar por aqui ou recuar. Mas não é possível recuar...

O amor pode chegar. Mas donde vem? Para onde vai? Quando chega vem para quê, o amor? Grande e inútil milagre este sem resposta e é de propósito  que não tem resposta.

Há quem não acredite e está em assim. E há quem só acredite e ainda é melhor assim. Como em tudo é preciso crer para ver. ...

E* o prazer é a recompensa que acompanha o bom trabalho, entre todos o mais difícil, agora perto, muito perto, o trabalho do amor."


* {se calhar}



Amador - pedro paixão

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